VISITA ÍNTIMA NA UNIDADE PRISIONAL FEMININA DE PALMAS/TO
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Como Citar

Laurito Paro, M. ., & Medina, P. (2022). VISITA ÍNTIMA NA UNIDADE PRISIONAL FEMININA DE PALMAS/TO. REVISTA ESMAT, 14(24), 27–48. https://doi.org/10.29327/270098.14.24-2

Resumo

Este estudo tem como premissa analisar se, como, e em quais condições são realizadas as visitas íntimas na Unidade Prisional Feminina de Palmas/TO, sob a perspectiva das próprias mulheres encarceradas. O método fenomenológico utilizado mostrou-se o mais adequado aos objetivos propostos. O trabalho de campo, consistente em imersão parcial no ambiente carcerário, contou com a participação voluntária de 24 mulheres, promovida por entrevista não diretiva por meio do uso da seguinte pergunta disparadora: O que você tem a me dizer acerca da visita íntima, suas experiências, vivências e sentimentos? Os resultados indicaram que os entraves sexistas, legais e burocráticos no exercício deste direito enfraquecem os laços matrimoniais, gerando odiosa sensação de injustiça pela discriminação de gênero, com reflexos emocionais, comportamentais e disciplinares, estimulando, com isso, o relacionamento sexual e circunstancial entre as detentas. A falta de ambientes adequados à intimidade do casal gera a sensação de mecanização do ato sexual, desprovido de amor, carinho e afeto, necessários à manutenção da relação conjugal. De tudo, constatou-se que, apesar do aumento considerável da população carcerária feminina nos últimos anos, a mulher permanece relegada ao anonimato quando se fala em implementação de políticas públicas penitenciárias, perpetuando um sistema sexista engendrado para o universo masculino.
https://doi.org/10.29327/270098.14.24-2
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