A Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat) recebeu, na tarde desta quarta-feira (15/1), alunos(as) do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade Federal do Tocantins (UFT). A graduação atende a uma antiga demanda dos povos indígenas por formação docente superior e faz parte do Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica – Parfor Equidade.
Durante a visita, os(as) alunos(as) conheceram a infraestrutura da Esmat, incluindo a biblioteca, salas de estudo, estúdio de gravação, laboratórios de informática e demais setores. Além disso, puderam apreciar a exposição do Projeto Espaço de Artes e Artesanato Indígena e a mostra fotográfica “Arandu”, que celebra a sabedoria e o conhecimento dos povos indígenas tocantinenses por meio de imagens e peças artesanais.
Acolhimento pela Esmat
Na recepção, o juiz Wellington Magalhães, diretor adjunto da Esmat e coordenador do Programa Permanente de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO), destacou a importância da participação ativa dos indígenas na democracia e na ocupação de espaços públicos.
“Se cada um lançar uma semente, colhemos uma safra. É uma honra receber vocês aqui. O conhecimento dá poder, e a formação não é apenas um processo técnico, mas um caminho para garantir direitos e superar anos de exclusão e silenciamento”, enfatizou.
Ana Beatriz de Oliveira Pretto, diretora executiva da Esmat, também deu as boas-vindas ao grupo. “É uma honra recebê-los(as) como nossa primeira visita de 2025. A Esmat oferece cursos de capacitação, especialização, mestrado e doutorado, e será um prazer contar com a presença de vocês no futuro. Acreditamos que o conhecimento é a chave que abre todas as portas, e o esforço de vocês hoje é um passo importante para um futuro brilhante”, destacou.
Em sua fala, a professora Reijane Pinheiro da Silva, coordenadora do Parfor Equidade, reforçou a relevância do curso para a educação indígena no Estado. “Queremos contribuir com a formação superior de professores(as) indígenas, promovendo uma troca de saberes entre as comunidades e a universidade”, disse.
Já a professora Luciane Silva de Sousa ressaltou a importância de refletir sobre os direitos indígenas. “A luta dos povos indígenas é diária. Não basta que os direitos estejam escritos; é preciso ação para garantir que eles sejam efetivados. A fala do juiz Wellington reforçou as discussões que tivemos sobre o artigo 231 da Constituição e outros temas centrais para as comunidades”, contextualizou.
Depoimentos
Entre os(as) estudantes, Mariza Sibâdi Xerente compartilhou suas expectativas. “Estou feliz em adquirir mais conhecimento e poder levá-lo para a minha comunidade. Precisamos resgatar o que foi perdido e colocar em prática as mudanças necessárias”, reforçou.
Augusto Xerente destacou a importância da formação crítica. “Os direitos que temos hoje são frutos da luta dos nossos antepassados. Precisamos garantir que esses direitos sejam efetivados e continuar lutando para que nossas comunidades tenham acesso à educação, saúde e território”, pontuou.
O curso de Licenciatura Intercultural Indígena é uma iniciativa da UFT com foco na valorização da educação indígena e na promoção da equidade, o programa busca preparar profissionais para atuar com excelência em suas comunidades. Com aproximadamente 20 mil indígenas de nove etnias no Estado, o Tocantins possui o segundo maior percentual de indígenas vivendo em terras demarcadas no Brasil, segundo o Censo de 2022. Iniciativas como esta reforçam o compromisso com a formação, a inclusão e o reconhecimento dos direitos dos povos originários.