Comunhão, irmandade e respeito marcam a apresentação cultural de povos indígenas sob olhar de cacique Raoni, no TJTO

Foto: Hodirley Canguçu

O poderoso canto da mãe natureza ecoou no auditório do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) e vibrou nos corações dos participantes da palestra “Direitos Humanos, Meio Ambiente e Povos Indígenas”, com o renomado líder indígena Cacique Raoni, na tarde desta terça-feira (21/5). 

Sons, ritmos, cores, adereços, adornos e texturas marcaram a apresentação dos seis povos indígenas que subiram ao palco sob o olhar atento do cacique Raoni. Caiapó, Xerente, Javaé, Krahô, Karajá, Tapirapé foram os povos que vieram do Mato Grosso, Pará e Tocantins, não apenas para ouvir o ancião, mas também para mostrar um pouco de sua cultura ancestral.

Era pouco mais de 12h30 quando o ônibus de Confresa (MT), estacionou em frente ao Tribunal de Justiça, trazendo o povo Tapirapé. Eles foram os primeiros a chegar no evento e os últimos a se apresentar. Mas pra quem esperou, valeu a pena. Quem lá esteve recebeu uma verdadeira aula de irmandade e respeito durante a sua apresentação. 

“Já tivemos atritos no passado, mas hoje não mais. Por isso, quero aqui cantar uma música que nós cantamos e que os caiapós também cantam”, disse o líder e coordenador de dança, Reginaldo Tapirapé, convidando o cacique Raoni e seu filho, o tradutor Paxton, para juntos cantaram numa só voz. Ao final, o cacique Raoni foi novamente presenteado com uma borduna indígena.

Abrindo a mostra cultural, a voz feminina deu o tom e embalou a apresentação do povo Caiapó. A primeira nação indígena a se apresentar trouxe na sequência a força dos guerreiros de seu povo por meio dos gritos imponentes entoados, portando ainda artefatos artesanais, similares a instrumentos de caça.

Sob o som marcado do maracá, o povo Xerente se apresentou em comunhão, homens e mulheres, unidos. As mulheres chamaram a atenção com seus trajes confeccionados à base da palha de buriti.  Na sequência, veio o povo Javaé, que chamou a atenção pela beleza de seus trajes. Além do colorido vibrante do vermelho, trazia em seus corpos, além da pintura de seu povo, o branco do algodão. 

Maracá, apito e palmas. Uma mostra cheia de marcação. Assim foi a apresentação do povo Krahô. Já os Karajás se destacaram com seu cacique tradicional Yraru Karajá, que além de puxar seu povo com um maracá, trajava enorme cocar, presenteou ainda o cacique Raoni com uma borduna – uma espécie de arma indígena, compacta e cilíndrica. 

“Raoni com Tambores do Tocantins”

De autoria do compositor, Márcio Bello, o Mestre dos Tambores, na sequência da apresentação com os jovens dos Tambores do Tocantins fez uma fala emocionada e, após pedir a benção ao cacique Raoni, o presenteou com a música ora apresentada, “Raoni com Tambores do Tocantins”. 

"Estou muito honrado e grato por este momento. Nós estávamos apresentando na Rio +20 quando o senhor passou, dançou, abençoou o meu trabalho, me disse algumas coisas em sua língua nativa e saiu. E na hora que o senhor foi embora, eu perguntei para um dos guerreiros, o que tinha acontecido e ele falou que tinha sido uma bênção, ao meu trabalho, a mim, aos tambores, e que o senhor tinha gostado muito. Então, eu fiz esta música que fala da sua força, da sua luta, e vocês podem usar a música da forma que vocês quiserem, nas campanhas e a gente autoriza e está liberada."

Artesanato

Brincos, colares, prendedores de cabelo marcadores de páginas e diversos outros itens. Tudo feito com capim dourado e sementes como a de açaí e outras. Uma oportunidade para a artesã Elisabete Xerente que esteve no local com o esposo, Geraldo Alex, não apenas para assistir a palestra, mas também para fazer negócios. 

“Gostei muito da fala do ancião, que é o cacique Raoni. Meu pai era desse jeito, um ancião que lutava pela sua terra, por seu povo e sua cultura. E o artesanato que temos hoje é a nossa sobrevivência, de onde tiramos o sustento do nosso povo e, como o cacique falou hoje, temos que manter nossa tradição, por isso estou passando pros meus filhos e netos”. 

Mais perto de Deus

Batizado em 2004 na etnia Krahô, onde recebeu o nome Pyhhy (Semente de Urucum), o fotógrafo, poeta e músico, Emerson Silva, que atua há 20 anos com fotografia indigenista, esteve no local para pedir a benção ao cacique. 

"Estar com o cacique Raoni significa estar com uma entidade maior, uma força maior, é estar mais perto de Deus! A gente sabe da luta dele, o que ele representa para toda luta, não só dos povos indígenas, mas a favor do meio ambiente. E, em relação ao meu trabalho, são 20 anos atuando com os povos indígenas pelo Estado e ver todo mundo junto, cantando, trazendo essa cultura é muito especial.  Não é todo dia que a gente tem essa oportunidade toda de ver tantas etnias juntas, festejando e homenageando Raoni. Um dia histórico para o Estado", destacou Emerson.

Prêmio Esmat Cultura Viva

O cacique Raoni destacou a importância de manter viva a tradição dos povos indígenas. “É preciso manter a tradição, a cultura do nosso povo e, pelo que seu, o povo Tapirapé tem a cultura bem forte ainda”, destacou segundo o cacique.


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