A manhã desta sexta-feira (14/11), último dia do XVIII Congresso Internacional em Direitos Humanos, foi marcada por um debate que conectou dois dos temas mais urgentes da atualidade: Inteligência Artificial e Segurança Energética. O sexto painel temático do evento reuniu o vice-presidente jurídico da Axia Energia, Marcelo de Siqueira Freitas, e o gerente jurídico da empresa, Andrei Braga Mendes. A mediação foi conduzida pela professora doutora Naima Worm.
Representando uma das maiores companhias do setor no Hemisfério Sul, os painelistas da Axia Energia (antiga Eletrobrás) foram indicados pela CEO do Centro de Memória Jurídica – Memory –, Lourdes Gonçalves, que acompanhou a Mesa e ressaltou que “a presença dos painelistas da Axia traz uma contribuição valiosa ao debate sobre Inteligência Artificial e Segurança Energética. Um tema urgente, especialmente diante dos impactos tecnológicos no setor energético e nas relações institucionais”.
Abrindo o painel, Andrei Braga contextualizou os desafios da infraestrutura elétrica ante a transformação digital. Com a provocação “quem vai construir a melhor IA?” logo ressignificada para “quem vai conseguir mantê-la ligada?”, o especialista apresentou a estrutura tradicional do setor elétrico brasileiro e os novos fluxos gerados pela mobilidade elétrica, geração distribuída e o uso de dados em tempo real. Segundo ele, o uso estratégico da IA no setor energético pode gerar mais confiabilidade, reduzir riscos e aumentar a resiliência do sistema.
“A gente tem um processo evolutivo que ajuda na inclusão, prevenção de riscos [...] com uso de Inteligência Artificial propicia uma melhor confiabilidade, uma resiliência do sistema [...] uma série de benefícios paro setor e para sociedade como um todo”, afirmou.
Andrei destacou também os desafios energéticos trazidos pela era dos data centers. “A Axia estima que o consumo de eletricidade por data centers vai duplicar até 2030, chegando perto de 945 terawatts-hora”, explicou. A previsão traz à tona o papel da energia como eixo central da transformação tecnológica e reposiciona o Brasil, um país com matriz majoritariamente renovável, como ator estratégico global.
Na sequência, Marcelo de Siqueira Freitas reforçou a ideia de que a infraestrutura brasileira tem potencial para liderar os avanços em IA, não apenas como usuária, mas também como provedora de soluções sustentáveis.
“Temos energia abundante e renovável [...], temos, portanto, a capacidade de sermos atores relevantes no uso da tecnologia. [...] a Axia Energia está se preparando para auxiliar o país a tentar trazer grandes players de processadores e de Inteligência Artificial para o Brasil para consumir a energia que o Brasil tem”, desenvolveu.
O painelista apresentou ainda o reposicionamento da companhia após a privatização da Eletrobrás, explicando a origem e os valores que fundamentam a Axia.
“Axia vem do grego e significa valor. A empresa mantém o compromisso histórico com o desenvolvimento nacional e atua com foco em inovação, sustentabilidade e investimento”, comentou.
Ao longo da apresentação, Marcelo demonstrou o uso de tecnologias de ponta, como o modelo meteorológico GraphCast, desenvolvido pelo Google, e pioneiramente aplicado pela Axia para prever eventos climáticos com mais precisão. Foram citados também projetos com NVIDIA para detecção de ventos extremos e soluções por satélite para combate a queimadas, além da plataforma Eletro.IA, voltada ao uso em escala da Inteligência Artificial no setor elétrico nacional.
Em fala, a professora Naima Worm aproveitou para destacar a importância da pauta neste último dia do Congresso: “trazer ao final do Congresso essa temática foi assim, penso eu, a cereja do bolo; falamos muito sobre a ultilização da IA, como que vamos usar no Judiciário, os atores políticos, então, toda a equipe da Esmat ponderou muito bem esse momento”, acrescentou.