Cuidado, escuta e compromisso com o(a) adolescente marcam debates sobre sistema socioeducativo

Foto: Ednan Cavalcanti

Com foco na construção de um sistema mais humano, integrado e comprometido com o cuidado, a tarde do evento Interfaces entre Sistema de Justiça, Saúde Mental e Socioeducação, realizado na última quarta-feira (22/10), foi marcada por reflexões profundas sobre a importância de colocar o(a) adolescente no centro das políticas públicas. O encontro reuniu profissionais das áreas da Justiça, Saúde e Assistência Social em torno de um objetivo comum, transformar o cuidado em eixo estruturante do sistema socioeducativo.

A programação se consolidou como um espaço de troca de experiências, evidenciando que a efetividade das medidas socioeducativas depende de uma atuação intersetorial capaz de romper barreiras institucionais e burocráticas. Ao longo da programação, gestores(as), técnicos(as) e especialistas reforçaram a urgência de fortalecer a rede de proteção, garantindo acompanhamento contínuo aos(às) adolescentes durante e após o cumprimento das medidas.

Ao abrir os debates, o juiz Reinaldo de Oliveira Dutra destacou a necessidade de ressignificar o papel das instituições diante dos(as) jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, reafirmando que a centralidade do sistema deve estar na reconstrução de vidas, e não apenas na vigilância.

“Quem nós queremos proteger? São os(as) adolescentes, certo? Então o protagonismo tem de ser do(a) adolescente e do que iremos construir para melhorar a saúde mental. Todos nós estamos juntos, o Ministério, o Tribunal, com o objetivo de entregar o melhor serviço público para eles(as)”, afirmou.

Na sequência, a professora Daniela Aparecida Araújo Fernandes, do Centro Universitário Católica do Tocantins (UniCatólica), abordou o papel da formação e da educação continuada na consolidação das práticas intersetoriais. Para ela, o fortalecimento da rede depende de profissionais preparados(as) não apenas tecnicamente, mas também emocionalmente, capazes de ouvir e compreender a complexidade das histórias que chegam até o sistema.

“Cuidar exige preparo, escuta e empatia. A formação é o caminho para que o socioeducativo se torne verdadeiramente um espaço de transformação”, destacou.

A Mesa Atenção Psicossocial no Socioeducativo: Políticas, Redes e Transição de Cuidado também contou com a participação de Marlucy Ramos Albuquerque Carmo, da Secretaria de Ação Social e da Mulher de Palmas, que reforçou a importância de uma atenção psicossocial contínua e integrada. “A atenção psicossocial é essencial para garantir a atenção integral à saúde, a reintegração social e a prevenção da reincidência”, pontuou.

Encerrando a programação, a expositora Geovana Gomes trouxe uma reflexão sobre o papel dos(as) profissionais e das redes institucionais na efetivação do cuidado. Com uma fala firme e sensível, ela alertou que a ausência de integração entre os setores compromete a eficácia das políticas públicas.

“Sem profissionais comprometidos(as) com a integralidade e com a intersetorialidade, a rede se torna um conjunto de peças desconectadas, falhando com os(as) usuários(as)”, afirmou. A psicóloga encerrou reforçando que o sistema socioeducativo precisa ser guiado por práticas que deem voz e protagonismo aos(às) adolescentes.

“Quando falamos de medidas socioeducativas, precisamos falar dos(as) adolescentes, trazê-los(as), dar voz a eles(as) acima de qualquer coisa”, completou.

A programação do evento segue nesta quinta-feira (23/10), com mesas temáticas e debates voltados à qualificação das práticas no sistema socioeducativo.


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