TJTO fortalece rede interna de acolhimento e proteção às mulheres com evento “Fortalecendo Laços”

Foto: Lucas Nascimento (TJTO)

“Essa mulher que você vê no espelho não está sozinha.” A frase estampada em um adesivo apresentado no vídeo institucional do evento Fortalecendo Laços – Estratégias de Acolhimento e Proteção para Mulheres do Judiciário – e o depoimento comovente de uma ex-servidora que superou situações de violência marcaram a abertura da programação, realizada nessa segunda-feira (30/6), no auditório do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO), com transmissão pelas redes sociais.

A desembargadora Maysa Vendramini Rosal, presidente do TJTO, destacou o compromisso institucional com a causa.

“Este evento reforça o compromisso do nosso Tribunal no combate à violência e na responsabilidade institucional de fortalecer a rede de proteção e de acolhimento, especialmente para quem integra o nosso sistema de Justiça. Temos muito orgulho em avançar nesse propósito. Queremos um ambiente justo, respeitoso e seguro para todas”.

A ação é promovida pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), com apoio da Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat), como parte do Programa Proteção, Acolhimento Humanizado e Solidário (PAHS). A iniciativa consolida uma política pública interna voltada ao cuidado e à escuta ativa das mulheres que atuam no Judiciário Tocantinense.

A juíza Cirlene Maria de Assis Santos Oliveira, coordenadora da Cevid, ressaltou que o PAHS, instituído pela Resolução nº 18, de 2023, vai além de uma ação pontual.

“Queremos romper com o estigma da mulher forte que sofre calada. Muitas vezes, nossas colegas enfrentam a violência justamente dentro de espaços que deveriam protegê-las. O PAHS nasce para mudar isso, para fortalecer a escuta, a empatia e a coragem de romper com o ciclo de violência”, pontuou.

A magistrada também reforçou que o enfrentamento à violência deve ser um compromisso coletivo, que inclui a participação ativa dos homens. “Quando falamos de PAHS, não falamos apenas às mulheres. Precisamos dos homens do Judiciário como aliados. Reconhecer uma mulher em sofrimento e encaminhá-la com sensibilidade e respeito ao protocolo de acolhimento é parte fundamental dessa rede”.

Um dos momentos mais emocionantes do evento foi o relato de Maria Gorete Barbosa Diniz, técnica em enfermagem e ex-funcionária terceirizada do Judiciário, que compartilhou sua trajetória de superação após anos de violência, especialmente psicológica e emocional.

“Casei-me muito nova e sofri calada por muitos anos. Quando decidi sair, vim com dois filhos pequenos e grávida de Pernambuco para o Tocantins. Trabalhei como babá, doméstica, terceirizada no Judiciário e hoje sou técnica em enfermagem na UPA de Araguaína. Foi difícil, mas eu consegui”, contou emocionada.

Gorete também relatou a dor de ver sua filha vítima de violência em outro país e a luta para trazê-la de volta ao Brasil em uma jornada de mais de uma semana. “O conhecimento me libertou. Hoje me sinto mais forte. Sou mãe de um filho especial, trabalho com amor e sou muito grata a todas as que me acolheram no caminho”, afirmou.

Durante o evento, foi apresentado um vídeo com a campanha do espelho: um adesivo com mensagens de acolhimento será instalado nos banheiros das comarcas. A ideia é simples e potente: ao olhar para o espelho, a mulher verá a frase que abre esta matéria – um lembrete de que não está sozinha. Outro símbolo é o uso do bottom do PAHS, que identifica colaboradoras capacitadas para acolher outras mulheres em situação de vulnerabilidade, com empatia e sigilo.

Também participaram da abertura a juíza Umbelina Lopes, titular da 2ª Vara Criminal e Execução Penal da Comarca de Porto Nacional, e a juíza Flávia Afini Bovo, diretora do Fórum de Palmas.

A programação seguiu com duas palestras voltadas à sensibilização e à capacitação de magistrados(as) e de servidores(as), abordando os temas: “O que não dizer: comunicação responsável com mulheres em situação de violência” e “Acolhimento humanizado de magistradas e de servidoras em situação de violência doméstica e familiar do Poder Judiciário Tocantinense”.


Fechar Menu Responsivo
Cursos Biblioteca Telefones
Rolar para Cima