
Com discussões que mobilizaram representantes de todo o país – do Judiciário, da Academia e do Setor Produtivo –, o Congresso Copedem 2025 encerrou sua programação neste sábado (12/4), no Rio de Janeiro, promovendo conexões entre saberes jurídicos, avanços tecnológicos e desafios contemporâneos da magistratura.
Após três dias (10, 11 e 12) dedicados a debates sobre os impactos da inteligência artificial no Direito, na sociedade e nas instituições, o evento deixou o sentimento de missão cumprida. Com o tema “Construindo o futuro com tecnologias inteligentes: perspectivas contemporâneas no desenvolvimento do sistema judicial, do direito e dos negócios”, a programação percorreu temas como IA Generativa, Segurança Jurídica, Inclusão Digital, Cibersegurança, Saúde Digital, Mediação e Arbitragem, Agronegócio, Previdência e Governança de Dados.
O desembargador Marco Villas Boas, presidente do Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura (Copedem), diretor geral da Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat) e anfitrião do evento, destacou o Congresso como um espaço de aprendizado, atualização e compromisso com a proteção dos direitos fundamentais em meio à transformação digital.
“Chegamos ao final de mais um Congresso do Copedem. Agradeço a presença de todos e de todas que enriqueceram este evento com sua participação – em especial aos(às) conferencistas que, ao longo de três dias, nos ofereceram um verdadeiro curso intensivo sobre inteligência artificial e seus impactos na sociedade. Saímos transformados(as) e animados(as) com a perspectiva de que essas ferramentas possam nos ajudar a preservar direitos, gerar oportunidades e impulsionar o desenvolvimento com justiça social. Espero revê-los(as) em breve na próxima edição”, expressou.
Em entrevista, o ministro Douglas Alencar Rodrigues, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), classificou o Congresso como um marco no debate sobre o futuro do Judiciário. “O Copedem realiza um congresso histórico, com temas absolutamente relevantes e centrais, e com expositores(as) altamente qualificados(as). O desembargador Marco está de parabéns. Nós precisamos reproduzir eventos como este para que o Poder Judiciário brasileiro perceba a relevância da inteligência artificial”, declarou.
O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e diretor-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), participou do encerramento e destacou o papel estratégico da formação judicial na era da IA. Ele afirmou que o Judiciário é chamado a protagonizar essa transição tecnológica com responsabilidade e aderência aos princípios constitucionais.
“A inteligência artificial, sobretudo em sua forma generativa, representa uma ruptura paradigmática. Não é uma simples ferramenta: ela aprende, adapta, cria e sugere soluções que escapam à lógica tradicional do Direito. Esse novo território exige cautela, ética e preparo. Neste Congresso, aprofundamos discussões sobre regulação, soberania digital, segurança cibernética e governança de dados. Foi possível constatar um consenso: não basta implementar tecnologia — é preciso moldá-la aos valores do Direito”, observou.
Ao reconhecer a trajetória do Copedem, o ministro Benedito reforçou a importância do evento como um espaço de articulação nacional entre as escolas judiciais, incentivo à inovação didática e formação de magistrados(as) conectados(as) à realidade contemporânea.
“O momento exige disposição para aprender e reaprender. A velocidade da transformação não pode sufocar a reflexão jurídica. A Justiça exige mais do que respostas prontas – ela demanda sensibilidade, empatia e compromisso com a dignidade humana. As contribuições deste Congresso mostram que o Judiciário está atento, engajado e disposto a liderar essa transição”, afirmou.